Exaltação
O' puro enovelar de sonho infindo!
Que seria sem ti do céu
Senão
enfadonho azul véu
Que apenas finge sempre estar sorrindo?
Das
estrelas o mausoléu.
O' bela e doce errante nebulosa!
O
que sem ti seria d'alma,
Pueril,
ingênua, calma,
Sem banhar-lhe a tez tua mágoa chuvosa?
Ua imundícia
vergonhosa.
O' musa sombra da noite airosa!
Das
trevas o menestrel,
Teu
corpo rouba, cruel,
A luz até da estrela mais brilhosa.
Tu, ouve-me, Deusa fiel!
O' doce enovelar errante, infindo!
O' pura e doce mágoa nebulosa!
Derrama-as sobre mim, gotas de alma:
Olhos chuvosos carecem de calma
Frente à noite da vida, tenebrosa:
- Não mais a podem enfrentar sorrindo.
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Dilúvio
Quando ouvires, longínquo, estas vozes chorosas
Cantarem, como um coro, as lamúrias celestes,
Pranto o seu que soluça, os gotejos inertes:
As vistas volta aos céus - vistas pobres, maldosas.
Contempla desaguarem tépidas torrentes
Sobre a mórbida terra. Esta terra fogosa
Que era vida e calor mesmo à flor preguiçosa
Jaz numa nova tumba - estas águas dormentes.
Ó tenaz, sufocante enchente consagrada
Embriaga esta prole estéril, má, falida,
No submerso torpor de sua vida passada:
Não, não temas tal dor: dor de uma era perdida.
Então, vê, vê atenta a planície inundada:
Vai, do caos semeado, emergir nova vida.
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Quero um amor como as nuvens,
Cantarem, como um coro, as lamúrias celestes,
Pranto o seu que soluça, os gotejos inertes:
As vistas volta aos céus - vistas pobres, maldosas.
Contempla desaguarem tépidas torrentes
Sobre a mórbida terra. Esta terra fogosa
Que era vida e calor mesmo à flor preguiçosa
Jaz numa nova tumba - estas águas dormentes.
Ó tenaz, sufocante enchente consagrada
Embriaga esta prole estéril, má, falida,
No submerso torpor de sua vida passada:
Não, não temas tal dor: dor de uma era perdida.
Então, vê, vê atenta a planície inundada:
Vai, do caos semeado, emergir nova vida.
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Quero um amor como as nuvens,
Em que tudo há e nada é
Senão condensação de águas
Que ora o atrito tempesteia:
Precipitam desafetos,
Trovejam os dissabores
E então tornam a alvejar-se.
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