05 setembro, 2016

à noite não convém abrir os olhos


do teto cada canto o canto
noturno das plantas as plantas
dos apartamentos
este apartamento
que há das vistas de meus olhos
pares tão distintas
tudo conspira e trama
uma imagem pobre e una
sobre mim: a angústia
de um jogo de sombras.

na noite não há memória
só o sono e o massacre do sono
a promessa de um descanso longínquo
e eterno e ainda assim na noite
na noite tudo é fuga da noite
as luzes
dos quartos das telas dos bares das festas
do globo e mesmo estrelas
fazem pensar quem sabe outro lugar
é dia
e já houve descanso
aqui o não há:

as luzes da noite só trazem
junto de si o voar das mariposas
e algumas baratas

à noite não convém abrir os olhos.

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