12 fevereiro, 2017

Espera de amar

a E. B.

"La tzigane savait d'avance
Nos deux vies barrées par les nuits
Nous lui dimes adieu et puis
De ce puits sortit l'Espérance
[...]
On sait que l'on se damne
Mais l'espoir d'aimer en chemin
Nous fait penser main dans la main
À ce qu'a prédit la tzigane."
Guillaume Apollinaire

Um ano de amor -- ano de ausência. Nosso romance -- e existe! -- faz lembrar romances por cartas; e de fato há correspondência entre nós. Mas também cartas são passado e os novos meios, por vez, até afastam: privação do toque rude do papel, do dom da letra, dos vestígios de pressa ou paciência, amor ou ódio... mesmo a sensualidade natural das curvas alfabéticas, impingidas ao traço por um braço mole de desejo ou mãos rijas de ânsia... Em vez, conversas operadas; nosso romance, operado; a rotina que afasta, a rotina do sem-ti...
Um ano de amor - ano de ausência. Mas, sobretudo -- que apesar perdura --, ano de promessas.


Campinas, Novembro de 2016

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