05 dezembro, 2017

Le Vieillard et les trois jeunes hommes (La Fontaine)



     Un octogenaire plantait.
«Passe encor de bâtir; mais planter à cet âge!»
Disaient trois jouvenceaux, enfants du voisinage;
     Assurément il radotait.
     «Car au nom des Dieux, je vous prie,
Quel fruit de ce labeur pouvez-vous recueillir?
Autant qu'un Patriarche il vous faudrait vieillir.
     À quoi bon charger votre vie
Des soins d'un avenir qui n'est pas fait pour vous?
Ne songez désormais qu'à vos erreurs passées:
Quittez le long espoir, et les vastes pensées;
     Tout cela ne convient qu'à nous.
     — Il ne convient pas à vous-mêmes,
Repartit le Vieillard. Tout établissement
Vient tard et dure peu. La main des Parques blêmes
De vos jours et des miens se joue également;
Nos termes sont pareils par leur courte durée.
Qui de nous des clartés de la voûte azurée
Doit jouir le dernier? Est-il aucun moment
Qui vous puisse assurer d'un second seulement?
     Hé bien! défendez-vous au Sage
De se donner des soins pour le plaisir d'autrui?
Cela même est un fruit que je goûte aujourd'hui:
J'en puis jouir demain, et quelques jours encore:
     Je puis enfin compter l'Aurore
     Plus d'une fois sur vos tombeaux.»
Le Vieillard eut raison; l'un des trois jouvenceaux
Se noya dès le port allant à l'Amérique.
L'autre, afin de monter aux grandes dignités,
Dans les emplois de Mars servant la République,
Par un coup imprévu vit ses jours emportés.
     Le troisième tomba d'un arbre
     Que lui-même il voulut monter.
Et pleurés du Vieillard, il grava sur leur marbre
     Ce que je viens de raconter.


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O velho e os três mocetões

     Plantava certo octogenário.
"Deixa estar, deixa estar!... Por que, tão velho, plantas?"
-- Um trio de mocetões, crias da vizinhança --
      Velho senil, nada mais claro...
     "Pois, em nome de Deus, eu te suplico, diz-me a
Fruta, a qual esse labor te poderá render?
Só cabe ao Patriarca o dom de envelhecer.
      Por que fadar a própria vida
Ao parto de um porvir onde não tens lugar?
Por que sonhar além dos pecados de antanho?
Longesperança, adeus. Adeus, pensar-mais-amplo.
     Isto convém ao nosso olhar.
     -- Pois não convém nem mesmo a vós,
O Velho retrucou. Toda estabilidade
Vem tarde e dura pouco. Às mãos da Parca atroz
Joguetes, minha vida e a vossa, em igualdade:
Porque é mesmo efemérrima a nossa existência.
Quem de nós gozará da luz azul-presença
Que acima jaz, por último? Haverá momento
Em que mo podereis dizer, um só momento?
     Pois bem. Ao Sábio reprovais
Dispor-se a trabalhar para o desfrute de outrem?
O aliusufruto apraz-me, hoje mais que ontem:
Eu posso desfrutá-lo amanhã, e além; posso
     Contar a Aurora sobre o vosso
     Túmulo, e mais do que uma vez."
Com o Velho, a razão. Pois houve que um dos três,
Logo ao partir - naufrágio - à América, afogou-se.
Outro, a fim de elevar-se ao point d'honneur mais alto,
Pôs-se a servir à Pátria e a Marte, o que lhe trouxe
A precoce visão de seu fim, por acaso.
     O terceiro tomba de uma árvore
     Que quisera escalar por conta.
Lastimara-os o Velho, e gravou-lhes, no mármore,
     Tudo o quanto se aqui vos conta.

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