26 outubro, 2015

sátiras I


certo senhor
há que conheço quando fala
não por maldita voz
ou por indesejável
mas porque fala e fala
e incha e inflama
de si e si seus próprios
comburente e combustível

quereria até fazer valer o ardor que surge
da chama que arde nele
e fazê-lo balão
tamanho seu inchaço
mas tal metáfora é de mim indigna
e nem do seu cabedal se aproxima

quereria citar efeitos-
estufa e outros cataclismas
mas separar sei verso e ciência
do verso e ciências mesmas
no mais
tudo parece aquém e além
de sua arte de louvar-se

insatisfeito com toda tentativa
de um par encontrar adequado
para o ego que zombo
quereria calasse
mas saberia
expressar seu longo amor-próprio
ele por outros meios
ele por toda parte
ele em tudo
panonipresente

mas aí lembro
onis
madeiras-monstro
japonesas máscaras
pan
grego deus
silvícola arbóreo
de chamas nenhum à prova

presente
quero portanto fale
e fale e fale e inflame e inche
- seu próprio fogo há-de acabar consigo
consumindo aos poucos sua essência mesma.

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