29 novembro, 2018

O homem-bomba



O meu amor é incompreendido.
É eternidade mas sem duração.
Dizem que almejo algumas virgens,
Setenta e duas virgens. É mentira.
Eu nunca as desejei, pois não
Sentem dor ou prazer. Mesmo eu o não sinto.
Morro virgem: minha primeira vez
É sempre a última, e o abraço
Dos meus braços é sempre despedida.
Que eu ame um carro, talvez,
Ele se explode e, pelos ares, aros,
Rodando, vão-se junto a mim, ou
Do que sobrou. Meu amor se reparte,
A inflamar-se em toda parte.
Esta é uma arte de amar somente minha:

O que eu mais ame morrerá comigo.

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